No ano de l985 o Musicanto já ocupava fartos espaços na imprensa nacional, que tentava decifrar como em uma cidade do porte de Santa Rosa podia ocorrer uma manifestação cultural tão forte e abrangente. Em meio a um acirrado debate, sobre o que seria ou não nativismo, o festival crescia em qualidade e polêmica.
Sobre esta questão, assim posicionou-se o jornalista Juarez Fonseca: “A renovação musical, a busca de novas formas dentro da música gaúcha e latino-americana, não é mais uma tendência apenas do musicanto, mas uma forte característica”.
Exatamente para marcar esta tendência, que já era em si própria a consagração do Musicanto, como festival aberto e democrático, surge como vencedora uma canção que reclama a relação do evento com sua situação geográfica de “interior”, que apesar disso não acredita em fronteiras para o sentimento, relembrando em versos como: / Às vezes lembro de minha casa / E maneio a solidão / Mas a saudade não dá trégua, pede / Corcoveia no peito / Interiorano coração /.
“Interiorano Coração”, música de Sérjio Rojas e letra de Adalberto Barros Filho é a vitória da tradição que se renova, das qualidades inerentes ao nativismo que não deixa de buscar uma expressão mais moderna de riqueza harmônica e instrumental.